sábado, 4 de setembro de 2010

Violência Moral

Este é o último texto da série sobre violência. Os 3 casos anteriores abordaram muito mais a violência física, mas há um tipo de violência que preocupa sobremaneira toda a nossa população, a violência contra a moral de uma pessoa. (Após o final este texto, confira a sessão Opinião com a entrevista da semana a respeito deste tema).
É um tipo de violência cujos resultados não vemos de imediato, ela vai tirando a energia de uma pessoa em seu psicológico, levando-a a futuramente ter distúrbios, deixando sequelas por toda a sua vida.
Ofender uma pessoa, pressioná-la psicologicamente, inferiorizá-la perante a uma outra pessoa ou em um grupo, levá-la a fazer coisas que lhe causam constrangimento e mágoas por muito tempo são alguns tipos de violência moral.
Não quero citar um tipo de pessoa ou um caso mais específico que tenha mais ou menos influência perante à sociedade. Neste texto quero abrangê-la de uma forma geral.
Vemos casos e mais casos se proliferando entre jovens, homens, mulheres e crianças. Se uma pessoa não possui uma estrutura psicológica forte, ela terá problemas que levará consigo durante todos os seus anos.
E assim nos perguntamos, no que estamos errados? Por que fazemos isso? O que ganhamos ao ofender a moral de uma pessoa?
Eu imagino que se pensássemos mais, se refletíssemos mais no que isso pode causar, pensarmos nos resultados que determinados tipos de palavras e/ou ações podem gerar, se nos colocássemos no lugar da pessoa a qual estamos nos referindo, chegarmos a ela e pedirmos perdão por determinadas palavras que falamos ou algo que fizemos contra ela, poderíamos diminuir este tipo de violência.
Quantas famílias estão sendo destruídas por causa de uma palavrinha que desencadeou uma porção de conflitos e problemas dentro de um lar. Essa palavrinha é a famosa fagulha que causa um incêndio de grandes proporções. Gosto sempre de citar a Bíblia em todas as situações, e neste assunto mais específico, existem vários casos dentro da Bíblia com diversos personagens.
Cito como exemplo mais claro Jesus Cristo, que foi ofendido e violentado tanto moralmente quanto fisicamente, e sem ter cometido e feito absolutamente nada de errado, mas que teve a postura mais relevante e que nos serve como referência até hoje, dizendo no Evangelho de Lucas Capítulo 23, Versículo 34, em sua parte A: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
A diferença está em relação à nossa postura, vamos assumir posturas derrotistas e desanimadoras ou posturas vencedoras e animadoras? Será que não podemos liberar o perdão e o amor na vida de uma outra pessoa? Tome como exemplo Jesus Cristo como citei anteriormente.
Vamos pensar mais no que falamos ou fazemos, vamos crer que podemos viver em uma sociedade de tão difícil convivência de uma forma amistosa e alegre. A violência moral está muito presente dentro das escolas, das famílias, nos nossos trabalhos, enfim, no nosso mundo ao redor. Se cada um de nós contribuirmos, mesmo que seja com um pouquinho, poderemos ver uma sociedade transformada e focada em união. A brincadeira faz parte, é saudável, desde que não ofenda a moral de alguém. Enfim, devemos entender que este problema existe, está aí, mas que podemos combater e vencer.
OPINIÃO
A minha convidada desta semana, e que aceitou responder as 5 perguntas sobre Violência Moral, é a atriz e psicológa Karina Dohme (http://twitter.com/KaDohme). Ela ficou muito conhecida interpretando a personagem Bete no seriado Sandy & Junior, e também fez participações no programa A Turma do Didi, entre vários outros trabalhos. Confiram abaixo a entrevista:

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: Para você, quais as principais causas da Violência Moral?
KARINA DOHME: Eu acredito que a violência moral acontece de várias formas e em diferentes ambientes. É inegável que este tipo de violência vem crescendo significativamente, e acontece dentro das famílias, no trabalho, nas escolas, ocasionando uma série de consequências que repercutem tanto na vida profissional, quanto pessoal do indivíduo. Eu acredito que, geralmente, este tipo de violência é fomentado por chefes, empregadores, pais de família, (ou aquele que detém o "poder" dentro de casa), que se sentem no direito de usar tais artifícios a fim de colocar o indivíduo na condição de submisso, usando do poder para constranger e persuadir. O assediador utiliza-se da sua liderança como uma forma de punição, reprimindo o individuo e colocando-o em uma situação inferior. Uma vez implantado o assédio moral, com a dominação psicológica do agressor e a submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição passam para a esfera do individual sem uma participação do coletivo, marcado pelo cansaço, ansiedade, depressão, estresse, e trazendo uma série de consequências muitas vezes irreversíveis para o indivíduo.

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: Você acha que ofender a moral de uma pessoa ou de sua família é pior do que agredí-la fisicamente? Por que?
KARINA DOHME: Eu acredito que ambas as formas de violência deixam marcas irreversíveis. Não acredito que a violência física seja fonte segura de educação, mas acho que em uma esfera generalística a violência moral pode sim ser pior porque é praticada a longo prazo, cria no psicológico da vítima uma série de crenças negativas, e pode trazer consequências físicas como depressão, Síndrome do Pânico, entre outras patologias.

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: A falta de estrutura familiar colabora para o aumento deste tipo de agressão? Em que aspectos?
KARINA DOHME: Acredito que essa condição colabora, porque a falta de informação e de uma estruturação familiar no âmbito psicológico, no sentido de que não devemos nos submeter a tudo só porque temos chefes, professores ou superiores, faz com que as vítimas se calem e se submetam por um longo período a condição de violentadas moralmente.

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: Qual a sua opinião sobre o Bullying?
KARINA DOHME: A Wikipedia define Bullying como sendo um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender(em). Acredito que a prática do Bullying vem crescendo e abrangendo diferentes esferas sociais. Se observarmos a história e pesquisarmos um pouco sobre o assunto vamos encontrar relatos dessa prática em faculdades, nas escolas, na política, no ambiente de trabalho e até em instituições militares. Há um limiar muito estreito entre o que é considerado Bullying e aquilo que é saudável nas relações interpessoais. Apelidar uma pessoa por exemplo, é um ato muitas vezes divertido para os integrantes do grupo e pode ser sim uma coisa saudável, mas é preciso atentar para o limite em que a pessoa começa a se sentir violentada e se reprime excluindo-se muitas vezes do seu meio social, deixando de frequentar lugares, ausentando-se da vida social ou então quando o faz, apresenta reações adversas, como vergonha, rubor, suor, taquicardia. Não se pode generalizar tudo como Bullying, mas não se pode passar despercebido como forma de agressão social, principalmente quando ocorre na forma indireta, que apresenta sua forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social, com o agravante de que a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência, ficando ainda mais difícil ficar imune ou livrar-se desse tipo de agressão.

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: No que podemos ajudar para coibirmos as agressões contra a moral de uma pessoa?
KARINA DOHME: Na minha visão, denunciar, dialogar, estabelecer contato com a vítima encorajando-a a sair dessa situação (procurando uma nova empresa, tirando a criança de determinada escola). Dificilmente o agressor tomará consciência de que está errado, por isso, ao meu ver, o melhor caminho é estabelecer uma conexão com a vítima fazendo-a sair da condição submissa e ajudando-a a entender que nenhum ser humano numa condição "superior" profissionalmente ou hierarquicamente tem o direito de usar tais artifícios para determinar a qualificação de outro ser humano em aspectos psicológicos.

BLOG RELATOS DA NOSSA VIDA: Aproveitando a oportunidade, gostaria que você opinasse sobre o propósito do blog, fizesse algum agradecimento, etc.
KARINA DOHME: Agradeço a oportunidade de debater um assunto tão importante, aproveito para frisar que a violência moral está muito presente nos dias atuais e precisamos abrir os olhos porque este tipo de violência acontece, muitas das vezes, mais próxima do que imaginamos, é preciso estarmos atentos para darmos suporte, denunciarmos e combatermos este tipo de agressão que deixa marcas tão profundas nos seres humanos. Parabéns ao Manoel por este site e que muitas pessoas possam conhecer e acessar este espaço para discussão e reflexão. Um beijo grande a todos!

Muito obrigado Karina Dohme pela sua participação e grande colaboração com o meu blog. Fiquei muito honrado e feliz por aceitar opinar sobre Violência Moral.

Você que tem a sua opinião, concordando ou discordando, não deixe de comentar aqui no nosso blog. Ela vai ser muito importante e pode ajudar a conscientizar pessoas a respeito deste assunto. Você também pode dar sua opinião no meu Twitter (http://twitter.com/manoel_ap) e eu publicarei, independente de concordância ou discordância de algum(ns) ponto(s) do assunto e/ou do texto abordado.
Aproveite e vote na enquete da semana. Sábado que vem começaremos uma série sobre saúde e bem estar, começando com A Importância dos Exercícios Físicos, por isso não perca!

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